04/07/2012 Hola México - Queretaro cultural

Aterrei na cidade do Mexico por volta das 21:30 e o us seguinte para Queretaro seria as 23:00. Havia tempo para experimentar o tempero mexicano, ainda no aeroporto.

Apanhei o bus da empresa "Primera Plus" e fiquei surpreendida com o servico daquela viagem que seria de apenas tres horas. Banco semi-cama muito confortavel, wi-fi durante a viagem, lanche razoavel...

Estava excitadissima, pois finalmente iria encontrar-me com o mano Pedro que, desde que deixou Angola, nao nos viamos. Desde o inicio da viagem que lhe havia prometido que Mexico seria um dos poisos e havia chegado o tempo, quase seis meses depois.

Duas da madrugada, davamos aquele forte abraco na Terminal de Queretaro.

Nessa primeira noite fiquei instalada no hotel mais antigo de Queretaro, um belissimo edificio colonial, onde o patio interior e as arcadas dao as boas vindas de bracos escancarados.

Pela primeira vez, em meses de estrada, experimentava o conforto de um hotel. E que bem que me soube.

Mas o que é bom é de duracao limitada, havia que procurar um sitio que estivesse no meu budget, para os dias seguintes.

Fui altamente surpreendida pela positiva pelo melhor hostel que havia ficado até entao. De nome "Kuku Ruku" a simbolizar o canto do galo, o hostel é verde de corpo e alma. Em todos os sentidos. No abuso da cor e dos metodos para preservar o meio ambiente. E, se isto nao bastasse, oferece uns quartos originalmente decorados e a brilhar de limpos. Ficar num quarto partilhado neste hostel é mais confortavel do que num quarto privado em alguns hoteis de qualidade teorica.

E ainda ha mais, no terraco existe um bar com sofas / pufs estilo "chillout" com musica zen e vista para a cidade. No patio interior do res-do-chao, um restaurante tambem ele "verde", com comida light e/ou vegetariana, para alem da mexicana. E o staff, cinco estrelas. Esta poderia ter sido a minha casa durante algumas semanas, caso nao tivesse planos de correr o sul do Mexico.

Entre outras tantas coisas, o Kuku Ruku apoia o projecto "Yayas", que desenvolveu a marca de sapatos de verao com o seguinte pormenor social: a cada par que um cliente compre (obviamente, estara incluido no preco), oferecem um par a uma crianca desfavorecida. Aliei o util ao agradavel, sendo que a oportunidade de fazer uma crianca sorrir foi determinante na minha decisao. Promovem entregas em escolas ou outras instituicoes e convidam os clientes a participar. Infelizmente, os meus quatro dias em Queretaro nao coincidiram com nenhuma programacao de entrega.

Foram quatro dias, mas intensamente proveitosos.

Eu e o mano Pedro passavamos a manha numa esplanada na praca central (nesta, a internet é livre), bebiamos o nosso capuchino, comiamos o nosso "pastel de elote" (bolo de milho servido quente, com um sabor incrivelmente parecido com o cuscuz caboverdiano), punhamos a conversa em dia, viamos o movimento passar, etc...

A tarde, iamos dar uma volta por alguns pontos turisticos, mas sem aquela gula de visitar tudo e mais alguma coisa. Eu nao me encontrava nesse estado. Uma tournee diaria pelas cervejas mexicanas e pela comida, essa nao faltou.

Ganhei outro amigo especial, o Sergio. Eu, ele e o Pedro fizemos uma tripla muito forte.

Queretaro, apesar de nao ser conhecida internacionalmente, é uma cidade culturalmente muito interessante e muito procurada pelos turistas nacionais.

No final da tarde de sexta-feira, passavamos por uma das ruas e entramos num espaco que tinha um ambiente daqueles com muita historia para contar. Estavamos no Teatro Curral de Comedias e encontramos o actor e director Paco Rabell, que nos ofereceu uma hora de contos e memorias daquele teatro. Onde a sua expressao falava mais alto do que a propria boca. Nao pensamos duas vezes e decidimos ir assistir a peca que exibiriam nessa noite.

O Sergio (nosso companheiro incondicional em horario pos-laboral, visto que era o unico dos tres que trabalhava) acompanhou-nos. A sala é tao interessante como rustica e genuina. A frente dos assentos, havia uma rustica mesa de tampo de madeira, pois o conceito do teatro é juntar gargalhadas ao vinho e ao queijo. Assim foi, mas que bela ideia! Entre gargalhadas sonoras, podia saborear-se vinho, cerveja ou sangria, juntamente com aperitivos diversos.

E tudo isto aliado a uma peca sensacional.

Um dos pormenores que realco é o de se beber sempre comendo algo, o que vai de encontro aos meus gostos. Mas aqui, a coisa é suigeneris, pois acompanham a cerveja com um prato de fruta cortada. e nao é que a coisa funciona na perfeicao? Ja tratei de "roubar" este vicio.

Fomos tambem a um serao de musica cubana ao vivo. Um dos musicos desafiou o publico a pedir uma musica do seu agrado. Disse, sem medos, que podiamos pedir o que quisessemos. Perante tal desafio, pedi #sodade# da Cize, com o objectivo de testar a fama da nossa diva no Mexico, mas so um dos guitarristas a conhecia vagamente.

No sabado de manha, estreei-me na radio, com o primeiro programa "Muxima", da autoria do Pedro. Um riquissimo programa sobre Africa, que visa abrir a porta daquele maravilhoso continente aos mexicanos. O Pedro entrevistou-me, na qualidade de africana que visita a America Latina. La tive que partilhar com os ouvintes mexicanos, o meu "portunhol" em directo. Todos os sabados, é possivel assitir em directo este  programa, das 10:00 as 12:00 (hora mexicana), atraves do site www.habitatunoradio.com

Ainda no sabado, tive uma experiencia 100% mexicana, almocando em casa dos pais do Sergio, onde a familia toda se reune no fim-de-semana. Familia divertida, comida apetitosa e conversas interessantes partilharam o prato principal.

Houve tempo para assistir a uma manifestacao do povo mexicano, na sua maioria, muito jovem, que constestava o resultado das ultimas eleicoes presidenciais. Fiquei muito agradada com a capacidade de iniciativa e determinacao dos jovens mexicanos, com a organizacao da manifestacao, sempre ordeira e a voz sonante a predominar.

No domingo, o trio foi a Bernal, onde se encontra o terceiro maior monolito do mundo. A vila tem uma atmosfera mitica, simbolizada tambem por lendas e pelas pedras preciosas de diversas cores, cada uma simbolizando energias especificas. E subir o monolito é uma actividade fisica de algum relevo, especialmente quando se transforma numa parede, quase vertical, para escalada.

Uma vez chegado ao ponto mais alto onde ja nao é possivel escalar sem equipamento especial (note-se que aqui só chega uma meia duzia de pessoas, tornando o spot ainda mais especial), escolhe-se uma pedra estrategicamente posicionada e senta-se a contemplar a vista maravilhosa, ao som de uma musica vinda do ipod.

Na segunda-feira, deixaria Queretaro com muitas saudades.