Bahia dos meus encantos

Repetir Salvador e´ sempre magico para mim... os turistas acham-me baiana, os brasileiros ficam na duvida, em relacao ao "meu" Estado.

"Caraca! Voce nao e´ brasileira? Mas fala muito bem Portugues! Nem tem sotaque!"

Pensar que e´ impossivel um estrangeiro falar portugues, quando a lingua e´ utilizada em mais do que 3 continentes, revela alguma limitacao "geografica" no povo brasileiro.

Essa surpresa tem sido uma constante. Adoptar o sotaque brasileiro, para alem de divertido, e´ uma questao de reforço da seguranca. Quanto menos eu me parecer estrangeira, mais facil fica.

Recordo-me de um episodio em Salvador, em que uma natural de Fortaleza achou que eu era Paulista. O sotaque caracteristico daquele estado ainda permanecia em mim.

Bom, voltando a Bahia, onde passei 3 semanas sem igual, destaco os seguintes spots, sobre os quais terei oportunidade de me aprofundar um pouco mais, em relatos posteriores:

(1) SALVADOR

Esta cidade continua magica para mim, especialmente a zona do Pelourinho, onde o patrimonio colonial e´ intenso, surpreendente.
Pegando no que uma amiga portuguesa comentou ao ver as fotos, "poderia ser em qualquer parte de Portugal", concordo em certo ponto, pois para alem dos tracos identicos, o Pelourinho dista de cidades portuguesas, pelas cores, magia, ritmo e alegria transmitidas pelo povo baiano. E´ magico, mesmo!

Vivi em tres partes distintas da cidade, Barra (a mais turistica), Rio Vermellho (na Rua Alagoinhas, onde fica a ultima casa de Jorge Amado e onde foram enterradas as suas cinzas) e Pelourinho.
Experimentei tambem tres fases distintas, o pre-carnaval, o carnaval (apenas uma noite bastou para sentir a folia) e o pos-carnaval. Nao menosprezando as outras duas, apreciei bastante esta ultima fase, passada no coracao do Pelourinho.

(2) MORRO DE SAO PAULO

Ilha preservada, mas cada vez mais cheia de turistas. O acesso ao mesmo e´ por via maritima e dura cerca de 2h30 de catamara, a partir de Salvador.

Nao existe trafego de viaturas e os trajectos na ilha resumem-se a subida e descida de ladeiras, o tempo todo. As pernas agradecem, pois ficam firmes.

Ainda e´ possivel encontrar recantos menos turisticos na ilha, basta ter vontade de caminhar.

Aqui conheci a doce chilena Andrea, minha companheira de aventuras, trilhas, tapiocas, acaraje e outros programas fora do circuito turistico.
(3) ITACARE

Ainda mais a Sul de Salvador, fica Itacare, que liga à ilha de Itaparica e cujo trajecto terrestre ronda umas 5 horas de onibus. De Itaparica, apanha-se um ferry que dista de Salvador, 45 minutos.

Itacare´, na minha opiniao, e´ ainda mais especial do que Morro de Sao Paulo, pois as lindas praias continuam virgens. Optimas para praticar surf ou simplesmente para curtir o sol e o banho, destaco quatro praias que ficam seguidas e cujo acesso as mesmas, e´atraves de trilhas pelo interior de florestas humidas, um pouco distante da vila: Engenhoca, Hawaizinho, Itacarezinho...

Aqui existe uma panoplia de frutos tropicais e baianos, tais como cacau, acerola, cupuaçu, jaca, umbu, seriguela, caju e tantos outros...

Inicialmente, Itacare nao constava nos meus planos, mas quando se viaja sem marcacoes e ao sabor da pura aventura, somos presenteados com desvios saborosos. Estava de regresso a Salvador, quando encontrei uma galera a caminho de Itacare num jipe-aventura. Nao pensei duas vezes!



(4) CHAPADA DIAMANTINA

A responsavel pela minha visita a Chapada Diamantina e a quem agradeco todos os dias pela dica foi a Larissa que, desde Sampa, me convenceu "vc nao pode ficar sem ir na Chapada, e´ no minimo, obrigatorio!".

Chapada tem um Parque Nacional, que preserva "n" cachoeiras, antigas trilhas de garimpeiros e uma vegetaçao fascinante.

Fiquei na cidade de Lencois, a mais de 458 Km de Salvador (o onibus leva entre 6 e 7 horas, dependente do horario e do transito). A minha estadia em Lençois nao seria a mesma, se nao tivesse ficado instalada no Hostel Chapada, da cadeia HI, cujos responsaveis, Marcia e Juan, têm o dom de proporcionar aos hospedes uma experiencia especial, caseira e inesquecivel. Começando pela simpatia e disponibilidade deles e acabando no cafe da manha delicioso.

Outro marco que faco questao de frisar chama-se Flor (Florisvaldo), guia de trilhas, que conhece a Chapada Diamantina como ninguem e, acima de tudo, uma pessoa espectacular, com uma energia contagiante e uma generosidade invejavel. Acreditem, nao exagero em nada, como poderao constatar em relato especifico, mais a frente. Escusado sera dizer que recomendo vivamente o amigo Flor, a quem tiver o privilegio de visitar a Chapada Diamantina: flortrekking@hotmail.com

Existem trilhas de um dia, mais turisticos, dos quais destaco o roteiro 1 (obrigatorio por causa do Morro do Pai Inacio).

Mas para quem adora viver a natureza e caminhadas sem fim, o certo e´ fazer uma das duas trilhas, ou mesmo as duas, caso exista tempo para tal. Recomendo um dia de descanso depois de cada uma delas:

Trilha da Fumaça (3 dias): considerada a mais dificil (eu pude testemunhar isso, pois fiquei com os joelhos gritando durante mais de uma semana), e´ a unica trilha que permite ver a imponencia da cachoeira da Fumaca  (380m), vista de baixo, para alem da vista de cima, acessivel ate ao turista mais preguiçoso. Nesta trilha ve-se outras cachoeiras lindas (Palmital, Capivara), caminha-se pelos rios, sobe-se montanhas, acampa-se junto as cachoeiras. Um total de 36Km

Trilha do Vale do Paty (4 dias): embora mais longa do que a da Fumaça, e´considerada mais facil e e´ tambem a trilha mais famosa e bonita (chegam a compara-la com as trilhas do Macchu Picchu no Peru e de Santiago de Compotela). Por questoes de tempo e de dificuldade de encaixe no meu programa, nao consegui fazer esta trilha, tendo ficado como desculpa para voltar a Chapada Diamantina, um dia.

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