Trilha da Fumaça - Chapada Diamantina - BA - BR

DIA 1

Nao consigo falar desta trilha, sem mencionar a Carla e o Junior, meus companheiros de luta durante três dias.

Carla e´ um poço de surpresas: executiva de sucesso, desportista de alto nivel (surfista, ciclista, tenista) e uma pessoa maravilhosa.

Junior e´ aquele cara popular, divertido, generoso, uma enciclopedia ambulante, devorador de documentarios.

Os dois sao do Recife e fugiram da folia do carnaval de Olinda, para a tranquilidade da Chapada. Quando os vi devidamente equipados com botas de montanhismo e vestuario apropriado, pensei "estou lixada... vou com profissionais". Eu levava os meus tenis basicos...

Saimos do hostel com Flor, pelas 8h30, caminhando rumo ao Ribeirao do Meio. Cada um de nos levava na mochila, cerca de 2kg de comida (que o Flor preparou e dividiu em sacos), 2 t-shirts, umas calças para os tres dias de caminhada, umas calças e uma camisola quente para as duas noites de campismo, fato de banho, 2  pares de meias, protector solar, repelente e escova de dentes. O minimo possivel, pois só de pensar em carregar peso nas costas durante três dias, fazia-nos acreditar que sobreviveriamos muito bem com quase nada. Nem sabonete podiamos levar, pois é poluente. Os banhos seriam 100% naturais, nas cachoeiras.

Pelo caminho, encontramos o ultimo comercio que veriamos nos proximos tres dias, onde aproveitamos para abastecer de agua de coco, bebidas energeticas, etc.




Ribeirao do Meio tem um largo escorrega natural, melhor do que os parques aquaticos, onde os locais fazem a festa.

Depois de cerca de 1h de subida da serra do veneno, com inclinaçao intensa e à chuva, paramos para almoçar. Agradecemos a Deus por nao termos apanhado sol, caso contrario, o veneno transformar-se-ia em inferno.



Iamos matando a sede nos riachos e cachoeiras e no caminho, atropeçavamos em inumeras maravilhas.

Depois do almoço, andamos um bom tempo no platot da montanha e depois descemo-la, rumo ao rio Palmital, que percorremos lado-a-lado, ate chegar à meta do dia 1: a bela Cachoeira do Palmital.









Depois de cerca de 12 km de trilha, mereciamos aquela hora de relaxamento na cachoeira. Flor deixou-nos la, enquanto montava o acampamento e preparava o jantar.

Nenhum dos três imaginava que iriamos ter um banquete ali, no meio do nada.

Flor preparou peito de frango, arroz de legumes e lentilhas. Com direito a refogado e muito mais, parecia um hotel ambulante! E delicioso!





Jantamos ao som da cachoeira. Existe hotel 5 estrelas que chegue perto disso tudo?

Depois do jantar, bateu aquele cansaço unanime, e começou a chuviscar. Fugimos todos para a caverna, onde pernoitamos com o som da cachoeira, com o rio bem debaixo de nos. Ninguem queria tenda, isso sim era a aliança entre a aventura, a natureza e a boa disposiçao do grupo.

Um pormenor importante, o tecto da caverna estava mais ou menos um palmo acima da nossa cabeça, deitados, o que aumentava ainda mais a emoçao.

DIA 2

Flor levantou-se por volta das 5h e foi preparar o café da manha.

O trio levantou-se pelas 6h30, com o cheirinho a café.


Ninguem queria acreditar no que via: uma "mesa" de café da manha melhor do que muitos hoteis! Tres frutas diferentes (abacaxi, mamao e manga), queijo, goiabada, bolo caseiro de cenoura, pao aquecido na chapa pelo Flor, café de verdade, leite...



Desmontamos o acampamento e descemos o Palmital, em direcçao ao Rio Capivara. Mais de 1h30 numa descida muito dificil, os joelhos gritavam o tempo todo.




Mas depois disso, a recompensa era magnifica, a Cachoeira do Capivara. Mais uma pausa para refrescar e hidromassagem para relaxar os musculos fatigados.




Pegamos nas mochilas e caminhamos mais cerca de 1h ate ao acampamento do dia 2.






Aqui deixamos as mochilas e, pela primeira vez na trilha, fariamos um troço sem o peso nas costas. A principio, brincavamos, dizendo que nos sentiamos em desequilibrio, sem as mochilas.

O trajecto pelo rio, ate a Cachoeira da Fumaça, é muito cansativo, quase 3 horas de obstaculos. Mas o que mais me incomodou, foi o ataque de mosquitos que eu sofri. Tinha tomado um banho de repelente ao abandonar o acampamento e deixei-o lá, achei que estava devidamente protegida, dado que até então nao tinhamos sentido a presença desses sugadores, na trilha.

Eu funcionava como repelente para-la-de-eficaz do resto do pessoal. Havia uma nuvem de mosquitos ao meu redor.

Durante todo este trajecto, nao houve tempo para fotos, apesar da paisagem ser lindissima.

No final de todo esse esforço, la estava a Cachoeira da Fumaça, vista de baixo.

Infelizmente nao tomei banho na agua gelada, pois temia o assalto de mosquitos no regresso ao acampamento. Se com repelente foi o que foi, como seria sem?




O regresso ao acampamento foi em tempo record (cerca de 1h40), pois temiamos ter que fazer parte do percurso a luz de lanterna. Ainda assim, ainda houve tempo para tirar algumas fotos daquele trajecto lindissimo.





Ainda a macarronada estava em preparaçao, quando começou a chuver a potes. Flor, como excelente anfitriao, avisou da queda de agua com uns dez minutos de antecedencia, dando tempo para proteger toda a roupa que estava estendida a secar. O chefe serviu o jantar numa caverna, a luz de lanternas. Que bela macarronada!

Escusado sera dizer que minutos depois, todos cairam no sono, exaustos. Esperava-nos um terceiro e ultimo dia de trilha bastante intenso.

DIA 3

Depois de mais um cafe da manha daqueles que fazem qualquer dorminhoco saltar da cama, arrumamos a tralha e iniciamos a trilha subindo a Toca do Morcego, mais de 2h30 de "degraus" enormes e ingremes.





Por mais que subissemos, parecia que a meta se distanciava cada vez mais. Os meus joelhos e os da Carla gritavam em unissono.

Uma vez no topo, atravessamos o platot durante cerca de 1h, tendo parado para almoçar junto a uma pequena cachoeira. Aproveitamos tambem para secar a roupa que transportavamos molhada.









Finalmente chegavamos a Cachoeira da Fumaça, vista de cima. Depois de tres dias longe da civilizaçao, de repente parecia que chegavamos a uma cidade, no cimo da montanha. Uma quantidade enorme de turistas atropelavam-se para ver a cachoeira, vista de cima. Este roteiro, turistico, faz-se num dia, a partir do vale do Capao e subindo a montanha.





Para nos foi gratificante termos visto de cima, a trilha que fizeramos.

Descendo a montanha em direcçao ao Vale do Capao, descortinavam-se varias vistas do Vale.







Chegando a meta, no Vale do Capao, o trio auto-galardoou-se com agua de coco e caldo de cana.















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