Desprendimento (Quito, Equador) - Julho 2013
O novo aeroporto internacional de Quito (Mariscal Sucre), foi inaugurado este ano (2013) e veio introduzir alterações significativas ao transporte para a cidade.
Situado num planalto a cerca de 18km da cidade, o tempo mínimo do percurso é de 45 minutos, sendo frequente passar-se mais de uma hora, em horas de trânsito acentuado.
Existem pelo menos três formas de fazer esse transporte, dependendo do bolso do viajante:
1) através de taxi até à cidade, por 25 dólares americanos. Para um viajante individual, que precise apenas de pernoitar em Quito, para apanhar o avião para as ilhas Galápagos na manha seguinte, 50 dólares de transporte aeroporto-cidade-aeroporto tornam-se difíceis de engolir. Recomendaria, portanto, apenas a grupos, a partir de 3 elementos.
2) a solução intermédia e, aceitável, na minha opinião, é a combinação bus + taxi. Apanha-se um bus confortável e com wi-fi, que faz o trajecto do novo ao antigo aeroporto e deste ultimo, apanha-se um taxi para o centro da cidade. o custo total poderá ficar em cerca de 13-15 USD (8 para o bus e o restante para o taxi, dependendo do destino final, na cidade).
3) por apenas 2 dólares, consegue fazer-se o trajecto entre aeroportos, num bus local, sem um nível de conforto apropriado para uma viagem que poderá durar mais de hora e meia.
No dia do meu regresso à Colômbia, reservei 2h30 de percurso para o aeroporto. Meti-me num taxi, com a disposição de quem faria a viagem até ao antigo aeroporto em 20-30 minutos.
Passei mais de hora e meia parada no transito, enquanto me invadiam memórias de Luanda, onde tinha vivido as ultimas experiências de engarrafamento infernal, há mais de ano e meio.
Cheguei ao antigo aeroporto com uma dose irracional de stress e, por pouco, perderia o bus que seria a minha ultima esperança para apanhar o voo.
Mas a aventura temporal não tinha acabado. Apanhámos outro transito caótico a caminho do novo aeroporto que, segundo os funcionários que fazem esse trajecto diariamente, não é usual a essa hora do dia.
Até onde tive coragem de espreitar o meu relógio, tínhamos umas 2h de viagem.
Quando chegámos ao aeroporto, corri para o balcão do checkin, embora já sem esperanças. Obviamente, o checkin já estava encerrado. Perguntei à assistente da LAN a que horas seria o próximo voo para Medellin: "daqui a 3 dias".
E já não havia mais nenhum voo nesse dia, fosse para que destino fosse, na Colômbia.
"Estou feita", concluí.
Tentei a enorme fila de passageiros no balcão da LAN, com o objectivo de fazer não sei bem o quê. Talvez mudar o bilhete para os próximos 3 dias. Ou talvez tivesse esperança de que me apresentassem um milagre. Em poucos segundos, fiz as contas do que me custaria perder este voo. Transporte aeroporto-cidade-aeroporto, alojamento, e todos os etc´s e o mais importante: perderia a oportunidade de conhecer Medellin.
Voltei a olhar para o relógio, mirei o meu saco de viagem e corri para o balcão de checkin outra vez. Solicitei o cartão de embarque e disse à senhora que levaria a minha bagagem na mão. Felizmente, tinha feito checkin online; caso contrário, seria impossível.
Com o cartão de embarque na mão, tinha sensivelmente 25 minutos para passar o raio X, a fronteira e apanhar o voo.
Desfiz-me dos cosméticos que tinham mais de 100ml e ainda arranjei tempo para transferir uns para outros recipientes menores. Os que ficavam somavam um custo aproximado de 15 dólares, muito aquém do que me custaria o transporte, caso ficasse em terra.
Na fronteira, o sistema informático caiu, exactamente na minha vez. Já faltavam apenas 15 minutos para o meu voo descolar. O stress voltava, pensava eu que iria morrer na praia. O funcionário, demasiado sereno, acalmava-me, dizendo que ainda tinha tempo à vontade. É claro que o efeito era contrário.
Afinal de contas, dez minutos foram suficientes para correr de encontro à porta, entrar no avião, arrumar a "bagagem de mão" enorme e respirar fundo.
Cerca de três minutos depois, tive um ataque de riso. Foi a forma divertida de afastar o stress acumulado.
Em Medellin, apanhei a grande surpresa: duas embalagens de cosméticos haviam ficado na mala, por esquecimento, e passaram nos raios X. Acabava de ganhar 50 USD.
Lição do dia: o desprendimento dá-nos a ganhar, em todas as perspectivas
Situado num planalto a cerca de 18km da cidade, o tempo mínimo do percurso é de 45 minutos, sendo frequente passar-se mais de uma hora, em horas de trânsito acentuado.
Existem pelo menos três formas de fazer esse transporte, dependendo do bolso do viajante:
1) através de taxi até à cidade, por 25 dólares americanos. Para um viajante individual, que precise apenas de pernoitar em Quito, para apanhar o avião para as ilhas Galápagos na manha seguinte, 50 dólares de transporte aeroporto-cidade-aeroporto tornam-se difíceis de engolir. Recomendaria, portanto, apenas a grupos, a partir de 3 elementos.
2) a solução intermédia e, aceitável, na minha opinião, é a combinação bus + taxi. Apanha-se um bus confortável e com wi-fi, que faz o trajecto do novo ao antigo aeroporto e deste ultimo, apanha-se um taxi para o centro da cidade. o custo total poderá ficar em cerca de 13-15 USD (8 para o bus e o restante para o taxi, dependendo do destino final, na cidade).
3) por apenas 2 dólares, consegue fazer-se o trajecto entre aeroportos, num bus local, sem um nível de conforto apropriado para uma viagem que poderá durar mais de hora e meia.
No dia do meu regresso à Colômbia, reservei 2h30 de percurso para o aeroporto. Meti-me num taxi, com a disposição de quem faria a viagem até ao antigo aeroporto em 20-30 minutos.
Passei mais de hora e meia parada no transito, enquanto me invadiam memórias de Luanda, onde tinha vivido as ultimas experiências de engarrafamento infernal, há mais de ano e meio.
Cheguei ao antigo aeroporto com uma dose irracional de stress e, por pouco, perderia o bus que seria a minha ultima esperança para apanhar o voo.
Mas a aventura temporal não tinha acabado. Apanhámos outro transito caótico a caminho do novo aeroporto que, segundo os funcionários que fazem esse trajecto diariamente, não é usual a essa hora do dia.
Até onde tive coragem de espreitar o meu relógio, tínhamos umas 2h de viagem.
Quando chegámos ao aeroporto, corri para o balcão do checkin, embora já sem esperanças. Obviamente, o checkin já estava encerrado. Perguntei à assistente da LAN a que horas seria o próximo voo para Medellin: "daqui a 3 dias".
E já não havia mais nenhum voo nesse dia, fosse para que destino fosse, na Colômbia.
"Estou feita", concluí.
Tentei a enorme fila de passageiros no balcão da LAN, com o objectivo de fazer não sei bem o quê. Talvez mudar o bilhete para os próximos 3 dias. Ou talvez tivesse esperança de que me apresentassem um milagre. Em poucos segundos, fiz as contas do que me custaria perder este voo. Transporte aeroporto-cidade-aeroporto, alojamento, e todos os etc´s e o mais importante: perderia a oportunidade de conhecer Medellin.
Voltei a olhar para o relógio, mirei o meu saco de viagem e corri para o balcão de checkin outra vez. Solicitei o cartão de embarque e disse à senhora que levaria a minha bagagem na mão. Felizmente, tinha feito checkin online; caso contrário, seria impossível.
Com o cartão de embarque na mão, tinha sensivelmente 25 minutos para passar o raio X, a fronteira e apanhar o voo.
Desfiz-me dos cosméticos que tinham mais de 100ml e ainda arranjei tempo para transferir uns para outros recipientes menores. Os que ficavam somavam um custo aproximado de 15 dólares, muito aquém do que me custaria o transporte, caso ficasse em terra.
Na fronteira, o sistema informático caiu, exactamente na minha vez. Já faltavam apenas 15 minutos para o meu voo descolar. O stress voltava, pensava eu que iria morrer na praia. O funcionário, demasiado sereno, acalmava-me, dizendo que ainda tinha tempo à vontade. É claro que o efeito era contrário.
Afinal de contas, dez minutos foram suficientes para correr de encontro à porta, entrar no avião, arrumar a "bagagem de mão" enorme e respirar fundo.
Cerca de três minutos depois, tive um ataque de riso. Foi a forma divertida de afastar o stress acumulado.
Em Medellin, apanhei a grande surpresa: duas embalagens de cosméticos haviam ficado na mala, por esquecimento, e passaram nos raios X. Acabava de ganhar 50 USD.
Lição do dia: o desprendimento dá-nos a ganhar, em todas as perspectivas
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