Explorando Colombia - SALENTO, Zona Cafetera (Novembro 2013)

Quando se decide visitar o "Eje Cafetero", sem ser apreciadora de café, é porque se valoriza a necessidade de saber um pouco mais, não se limitando apenas à visão e à audição, mas sentir também com o olfacto, paladar e tacto.

Uma vez em Cali (capital da salsa), recomendaram-nos Salento, uma vila cafeiteira que fica a 40 minutos de Arménia (uma das cidades da Zona Cafetera).

Vou deixar Salento para o final, tal como em miúda, que deixava o melhor para o fim, mesmo sabendo que isso me custaria ficar sem o melhor rebuçado que me seria "roubado" pelo esperto que entretanto aparecia do nada.

No dia 21 de Novembro 2013, escolhemos visitar a finca cafetera "OCASO",  situada na região de Quindio.



A visita é essencialmente formativa, onde nos são incutidos diversas curiosidades onde o café é o protagonista principal.

i) Colombia é o quarto exportador de café do mundo, a seguir ao Brasil, Vietnam e Indonésia.

ii) Altitude ideal para cultivo do café na zona Quindio entre 1200m e 1900m.

iii) O café da Colômbia é o considerado o melhor do mundo, uma vez que o processo de colheita é manual (ao contrário de países como o Brasil, que o fazem mecanicamente). A colheita do fruto do café (cereja) é feita quando este se apresenta de cor vermelha (estado maduro). Por essa razão, quando o processo é manual, há garantia de colheita apenas dos frutos que estejam prontos para tal.

Fruto do café (cereja) maduro. Fonte: internet

iv) Desde o acto de plantar a semente, até ter a primeira produção de café, passam 3 anos.

v) A selecção dos grãos e respectiva eliminação dos grãos com defeitos é também feita manualmente. Entretanto, a Colômbia exporta os melhores grãos e fica com os de menor qualidade para consumo próprio.

Processo de seleccção

vi) O café exportado segue no estado anterior ao da torragem, pois cada país processa o café torrado de acordo com parâmetros próprios e gosto. O processo de torragem é dos mais importantes, pois é o que atribui o nível de cafeína ao café. Contrariamente ao que se pensa e fala no senso comum, um café mais torrado (sabor mais amargo) tem menos cafeína do que o menos torrado. A mesma matéria-prima e pertencente ao mesmo lote terá sabores diferentes nos paises diferentes.

Processo de secagem ao sol (estufa)


vii) O café expresso requer um nível de torragem mais alto, atribuindo menos cafeína, contrariamente ao que pensamos.

Processo de tostagem do café

viii) Por outro lado, o processo de preparação do café é também muito importante. As máquinas expresso são tão rápidas que a água não tem o contacto suficiente com o café, atribuindo apenas a cor e o café fica mais fraco (em termos de cafeína), apesar do sabor ser forte por causa do nível de torragem. A cafeteira italiana continua a ser um dos inventos do século, apesar de haver "n" tentativas de substituição, por máquinas ditas de tecnologia avançada. Afinal de contas, nem sempre o conservadorismo nos deixa ficar desactualizados.

Processo de preparação do café,  com métodos tradicionais e fiéis

Descobri (e fiquei extremamente feliz com isso), que afinal eu sempre fui apreciadora do bom café, aquele menos amargo, com nível de torragem equilibrado e preparado numa cafeteira italiana, tão antiga como eficiente.


Salento é uma magnífica vila cafeiteira, transbordando cores e boa energia. A Madeira predomina nas casas (portas, portadas, etc). Todas as ruas apresentam sinais como se estivessem preparadas para o cenário de um filme, tal é o nível de conservação das casas. Parecem pintadas de fresco.




Normalmente, predominam duas cores vivas e contrastantes em todos os elementos de madeira, tendo o branco como fundo, nas paredes exteriores.







Os habitantes de Salento vivem das "fincas" de café e de gado.

É uma vila que esbanja cor, pelo que é impossível tornar-se cinzenta, ainda que debaixo de umas chuvas intensas, que até lhe fazem incrementar o charme.





Os jipes "Willis" são outro símbolo de Salento. É impossível ficar-se indiferente a este veiculo com personalidade. É robusto, tem presença, prefere cores vivas e não esconde uma nítida vaidade.





Parece-me a escolha ideal para o meu primeiro carro próprio. Acabo de me lembrar que até então só tive carros "emprestados" pelas empresas onde trabalhei.










Ficámos hospedadas no Hostel Tralala, giríssimo e com um nível de conforto não habitual neste tipo de alojamento na Colombia. Instalado numa casa tradicional, oferece uma decoração de muito bom gosto e garantia de um sono tranquilo e agradável, por culpa do colchão, almofada, lençóis e edredon impecavelmente brancos e suaves.

http://www.hostaltralalasalento.com

O dono deste estabelecimento exemplar é holandês que, há uns anos atrás, deixou a vida standard, vendeu os pertences com valor e dedicou-se a viajar pelo mundo, até decidir estabelecer-se na Colombia, trabalhando e viajando sem sair do lugar (pela quantidade de gente do mundo inteiro que acolhe). Ele é mais um que ilustra ao vivo e a cores a minha teoria de que os melhores hostels são implementados por viajantes sem rumo. Melhor do que ninguém, eles sabem o que um viajante independente precisa numa passagem por um spot, antes de continuar a caminhar para o próximo destino.

Parabéns, Hemmo Misker! És uma inspiração!


Outra actividade reservada aos visitantes de Salento é a famosa caminhada pelo Valle de Cocora, onde o verde grita mais alto.






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