Mais um sonho concretizado: Viver Patagonia, Parte 1

Aterrava em El Calafate pelas 10:30 de 27 de Marco, depois de uma curta escala em Ushuaia. Este foi um daqueles voos que só se apanha em ultimo caso ou quando a(s) possível(eis) alternativas ainda sao piores.

Sai de Buenos Aires as 4:45, o que representa uma noite não dormida e vários cochilos no avião mas, todos somados, não dão sequer uma hora de sono.

O friozinho era patenteado por 6 graus de temperatura, mas com sol e céu quase limpo.

Felizmente, o Hostel Libertador (da cadeia HI, confortável e central, uma boa opção em Calafate) permitiu-me entrar no quarto antes da hora definida para o checki-in. Um par de horas de sono foi o suficiente para me sentir de novo como gente e fiz-me 'a charmosa cidade de Calafate. Sem nada comer o dia todo (a excepção de uns ridículos biscoitos que serviram num total de 4:30 de voos), entrei no restaurante "Viva la Pepa", excelente opção para vegetarianos ou para aqueles que procuram alimentar-se correctamente e num ambiente acolhedor, simpático e com vida. Não imaginava que lá iria passar a tarde, ate descobrir que servem "mate" aos clientes.

Explicando de uma forma muito pessoal, muito fiel 'as minhas emoções vividas, o "mate" e' um ritual muito presente na Argentina e no Uruguai. O conjunto composto pelo recipiente e por uma palhinha metálica, com furacão na base, chama-se mate. Para completar o cenário, falta a "yerba", uma erva que faz lembrar um simples chá, mas não o sendo, e agua quente que geralmente se transporta num termo. Para aqueles que sao aficcionados pelos doces, não deixam o açúcar de lado. Tendo os ingredientes todos, a preparação e' tão simples como instantânea: coloca-se a yerba no recipiente (e açúcar para os "tais"), agua e bebe-se pela palhinha. A bebida vai sendo filtrada na parte inferior da palhinha, na furacão. Este ritual, para alem de ter propriedades muito hidratantes e drenantes, (convém, por via das duvidas, garantir uma casa-de-banho próxima), e' algo de muito relaxante. Ai esta o meu mais recente vicio saudável.

E o dia terminava nas compras no supermercado. Sentia aquela sensação de alegria, quando voltamos do supermercado e enchemos o frigorifico de comida (em Buenos Aires não tive condições para cozinhar, passava o dia a comer empanadas ou "porcarias"). A noite, preparei uma massa e cozinhei uns legumes, que me souberam como se de um manjar dos deuses se tratasse. 

No dia seguinte, 28 de Marco fui conhecer o Spot de El Calafate: o GLACIAR PERITO MORENO, no parque nacional dos glaciares. Um tour caro, mas uma vez defronte a tamanha preciosidade, constatamos que todos os centavos sao muito bem gastos (AR$ 270, equivalente a cerca de 50EUR que, para muitos que neste momento lêem este post devem achar uma pechincha mas, para viajantes mochileiros, tudo o que seja acima de 5EUR e' uma fortuna, caso contrário, não seria possível viajar durante largos meses). A gestão nos dias seguintes, de forma a repor o ponto de equilíbrio no orçamento, passa por economizar em tudo e mais que tudo, desde respeitar a proibição de entrada em restaurantes, taxis, e todos os etc's de que fazemos de conta que não existem, sem excepções.

O Glaciar Perito Moreno não e' de longe o maior, mas nenhum outro lhe tira o título de "o mais famoso". Isso deve-se ao facto de se encontrar muito a mão. Por outro lado, a sua imponência (ou seja, tudo aquilo que nos e' permitido ver, como comuns cidadãos do Globo) e' incomparável aos outros colegas. Só na vista aérea, o Perito Moreno fica atras dos outros glaciares.

Muito poderia dizer sobre o PM, mas como poderão constatar tão logo consiga inserir algumas fotos, este e' daqueles casos onde se usa e se abusa do termo que mais-do-que adoptei "uma imagem vale mais do que mil palavras".

O Parque Nacional dos Glaciares fica a 80 K'm da cidade e o caminho ate lá faz-me reviver as emoções passadas na Nova Zelândia. A paisagem e' muito parecida com algumas zonas na ilha Sul daquele pais. Ate os animais, ovelhas e fox's.

Uma visita que, do meu ponto de vista, e' obrigatória, e' ao "Glaciarium", museu dos glaciares, também em El Calafate. A informação cientifica encontra-se exposta de forma rica e acessível. Consegui passar mais de 2,5 h a estudar os glaciares e sem dar conta do tempo passar. Ate da vontade de lançarmo-nos a ciência glaciar e aprofundarmo-nos nesse mundo magico.

No mesmo museu, existe um bar de gelo (dizem que e' o único no mundo feito com gelo glaciar e não artificial), cuja visita e' facultativa: representa mais AR$ 70 (cerca de 13EUR). Durante os 20 minutos de estadia no bar, o consumo e' livre. Acho que vale pela experiência diferente e a música e o frio fazem com que todos abanem o capacete.

Ainda na cidade, existe o Lago Nimez, habitat de flamingos e diversas espécies de arvores.

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