La Serena e Valle Elqui sem estrelas - CL
De Santiago a La Serena fizemos 7 horas de bus. Era 24 de Abril.
La Serena e' uma cidade costeira, a 400m acima do nível do mar, a norte de Santiago e o ponto de passagem para o Valle Elqui, considerado um dos melhores lugares para a observação das estrelas. Diz-se em todos os guias e informações turísticas que em 300 dias no ano, o céu e' totalmente descoberto e os dias solarengos.
Para nao perdermos tempo, na manha seguinte fizemos o tour para as ilhas Choros e Damas. O guia, Jorge, antigo professor, e' daqueles que tem a sorte de fazerem o que adoram e impossível nao ficarmos ligados a ele. Durante as cerca de duas horas de caminho, passamos por minas e por paisagens semi-desérticas. Esta zona e' de transição entre a verde, no Sul do Chile e o deserto, no norte.
Parecia que tínhamos encomendado aquele passeio aos deuses. Para alem dos habituais leões marinhos e pinguins, fomos galardoados com uma serie de golfinhos brincalhões e três baleias.
A ilha Damas e' um paraisozinho daqueles que apetece tocar o chão com os pés e caminhar 'a descoberta ou, simplesmente, dar um mergulho naquelas aguas azul turquesa e irritantemente transparentes. Aqui encontra-se uma comunidade razoável de abutres, a espreita da próxima "limpeza".
Ao regressarmos a La Serena, no final da tarde, fomos informadas que o céu resolveu ficar nublado e que assim seria cancelada a nossa ida ao Observatório perto de Vicuna, no Valle Elqui. E mais, havia gigantescas probabilidades de no dia seguinte o cenário continuar imutável. A Marina bem tinha lançado para o ar, enquanto lia a informação no guia, sobre os 300 dias de sol e céu descoberto que, "com a sorte que tenho, terei pontaria para os cinco dias anuais de céu nublado". Em cheio!!
Seguimos no dia seguinte para o Valle Elqui, tendo ficado no Pisco Elqui, uma povoação muito charmosa, no cimo de um dos montes que rodeiam o vale e terra da poetisa Gabriela Mitral.. Aqui estávamos a meio caminho dos observatórios de Vicuna e de Cochiguaz. Mais uma noite super-nublada, onde nao se via sequer uma única estrela. Que gozo bem conseguido...
Alias, o céu nao se ficou por nublado... Estava a passar uma frente fria e o Valle Elqui sentia um frio como nunca testemunhado. Nao havia gorro, luvas ou casaco que fossem suficientes. Em todos os restaurantes (charmosos, com esplanadas ao ar livre) ou outros locais públicos nos diziam o mesmo: "Eso es atípico, hay siempre sol y mucho calor!!! Valle Elqui no es asi... Pero solo dentro de três dias se cambiara'". E esta?
Mais três dias de frio de cortar e sem ver estrelas? Ninguém merece... Contudo, merecemos uma saborosa "Cazuela de vacuno, comida para calientar...", uma espécie de caldo com legumes diversos e carne, típico e saudável. Merecemos também uma visita a uma cave cheia de história, onde se fabrica o Pisco, uma espécie de aguardente cuja matéria prima e' a uva moscatel. E no final, um brinde com um Pisco Sour, com direito a oferta das taças.
Valeu-nos a beleza do Valle Elqui que, mesmo com um tempo cinzento e frio, e' de se cortar a respiração. O contraste entre o árido das montanhas com o tapete verde claro / amarelo das vinhas no vale e' prova de que o homem nem sempre da' cabo da Mae Natureza. Neste caso, pintou-a com cores muito sabias.
No ultimo dia, o tempo piorou, dissipando as nossas esperanças (pelo menos, as minhas foram aniquiladas). Nao bastava o frio, mas veio chuva com fartura. Agora, nao havia condições para esperar por melhores dias...
Apos uma manha de exitacao nao encomendada, decidimos então tentar um dia Zen em Cochiguaz, também no vale, mas junto ao rio e, como tradição, massagens e meditação. Também tinha o observatório, caso o tempo mudasse. Apanhamos o bus e saímos em Monte Verde, onde apanharíamos um transporte privado (o único meio de deslocação) na praça, que nos levaria ate Cochiguaz, nos 19 k'm que separavam as duas localidades.
Depois de meia hora à espera de ninguém, informaram-nos num quiosque, que devido ao mau tempo, as ligações telefónicas estavam cortadas e o indivíduo do transporte tinha ido embora porque nao imaginava ter clientes com um tempo desses.
Plano B: pedir boleia, durante mais de meia hora e sem sucesso, ate que a fome gritou e fez-nos ter um momento de lucidez e apanhar o bus seguinte que nos levaria de volta a La Serena. Mas a Marina ainda tinha uma réstia de esperança. Por isso ainda parámos em Vicuna, para o ultimo nao redondo: "no, hoy es imposible observar las estrellas. Mismo que el cielo se cambie, no será posible llegar hacia el observatório, porque el camino se queda intransictable por la lluvia".
Bonito, se nao e' por uma razao, e' por outra com menos sentido... Eu já nem queria saber das estrelas, que tanto trabalho nos davam. Queria pirar-me daquele frio e chuva e subir para o deserto, onde deveria brilhar um sol desavergonhado. E assim fizemos. Rumamos para La Serena, pegamos na trouxa e apanhamos o bus nessa noite, com destino a Calama. Mais de 15 horas de viagem nos aguardavam.
La Serena e' uma cidade costeira, a 400m acima do nível do mar, a norte de Santiago e o ponto de passagem para o Valle Elqui, considerado um dos melhores lugares para a observação das estrelas. Diz-se em todos os guias e informações turísticas que em 300 dias no ano, o céu e' totalmente descoberto e os dias solarengos.
Para nao perdermos tempo, na manha seguinte fizemos o tour para as ilhas Choros e Damas. O guia, Jorge, antigo professor, e' daqueles que tem a sorte de fazerem o que adoram e impossível nao ficarmos ligados a ele. Durante as cerca de duas horas de caminho, passamos por minas e por paisagens semi-desérticas. Esta zona e' de transição entre a verde, no Sul do Chile e o deserto, no norte.
Parecia que tínhamos encomendado aquele passeio aos deuses. Para alem dos habituais leões marinhos e pinguins, fomos galardoados com uma serie de golfinhos brincalhões e três baleias.
A ilha Damas e' um paraisozinho daqueles que apetece tocar o chão com os pés e caminhar 'a descoberta ou, simplesmente, dar um mergulho naquelas aguas azul turquesa e irritantemente transparentes. Aqui encontra-se uma comunidade razoável de abutres, a espreita da próxima "limpeza".
Ao regressarmos a La Serena, no final da tarde, fomos informadas que o céu resolveu ficar nublado e que assim seria cancelada a nossa ida ao Observatório perto de Vicuna, no Valle Elqui. E mais, havia gigantescas probabilidades de no dia seguinte o cenário continuar imutável. A Marina bem tinha lançado para o ar, enquanto lia a informação no guia, sobre os 300 dias de sol e céu descoberto que, "com a sorte que tenho, terei pontaria para os cinco dias anuais de céu nublado". Em cheio!!
Seguimos no dia seguinte para o Valle Elqui, tendo ficado no Pisco Elqui, uma povoação muito charmosa, no cimo de um dos montes que rodeiam o vale e terra da poetisa Gabriela Mitral.. Aqui estávamos a meio caminho dos observatórios de Vicuna e de Cochiguaz. Mais uma noite super-nublada, onde nao se via sequer uma única estrela. Que gozo bem conseguido...
Alias, o céu nao se ficou por nublado... Estava a passar uma frente fria e o Valle Elqui sentia um frio como nunca testemunhado. Nao havia gorro, luvas ou casaco que fossem suficientes. Em todos os restaurantes (charmosos, com esplanadas ao ar livre) ou outros locais públicos nos diziam o mesmo: "Eso es atípico, hay siempre sol y mucho calor!!! Valle Elqui no es asi... Pero solo dentro de três dias se cambiara'". E esta?
Mais três dias de frio de cortar e sem ver estrelas? Ninguém merece... Contudo, merecemos uma saborosa "Cazuela de vacuno, comida para calientar...", uma espécie de caldo com legumes diversos e carne, típico e saudável. Merecemos também uma visita a uma cave cheia de história, onde se fabrica o Pisco, uma espécie de aguardente cuja matéria prima e' a uva moscatel. E no final, um brinde com um Pisco Sour, com direito a oferta das taças.
Valeu-nos a beleza do Valle Elqui que, mesmo com um tempo cinzento e frio, e' de se cortar a respiração. O contraste entre o árido das montanhas com o tapete verde claro / amarelo das vinhas no vale e' prova de que o homem nem sempre da' cabo da Mae Natureza. Neste caso, pintou-a com cores muito sabias.
No ultimo dia, o tempo piorou, dissipando as nossas esperanças (pelo menos, as minhas foram aniquiladas). Nao bastava o frio, mas veio chuva com fartura. Agora, nao havia condições para esperar por melhores dias...
Apos uma manha de exitacao nao encomendada, decidimos então tentar um dia Zen em Cochiguaz, também no vale, mas junto ao rio e, como tradição, massagens e meditação. Também tinha o observatório, caso o tempo mudasse. Apanhamos o bus e saímos em Monte Verde, onde apanharíamos um transporte privado (o único meio de deslocação) na praça, que nos levaria ate Cochiguaz, nos 19 k'm que separavam as duas localidades.
Depois de meia hora à espera de ninguém, informaram-nos num quiosque, que devido ao mau tempo, as ligações telefónicas estavam cortadas e o indivíduo do transporte tinha ido embora porque nao imaginava ter clientes com um tempo desses.
Plano B: pedir boleia, durante mais de meia hora e sem sucesso, ate que a fome gritou e fez-nos ter um momento de lucidez e apanhar o bus seguinte que nos levaria de volta a La Serena. Mas a Marina ainda tinha uma réstia de esperança. Por isso ainda parámos em Vicuna, para o ultimo nao redondo: "no, hoy es imposible observar las estrellas. Mismo que el cielo se cambie, no será posible llegar hacia el observatório, porque el camino se queda intransictable por la lluvia".
Bonito, se nao e' por uma razao, e' por outra com menos sentido... Eu já nem queria saber das estrelas, que tanto trabalho nos davam. Queria pirar-me daquele frio e chuva e subir para o deserto, onde deveria brilhar um sol desavergonhado. E assim fizemos. Rumamos para La Serena, pegamos na trouxa e apanhamos o bus nessa noite, com destino a Calama. Mais de 15 horas de viagem nos aguardavam.
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