Santiago nao é de se desprezar

Engracado, a maioria dos mochileiros nao incluem Santiago no seu roteiro.


Eu tive a sorte de conhecer a Andrea na Bahia, caso contrario, provavelmente teria menosprezado esta cidade que me encantou, em todos os sentidos.


Muito ocidental, com uma oferta de restaurantes e cafes / bares muito personalizados, para nao falar dos jardins, parques e ruas muito bem cuidadas.


Em Santiago ha um "Parque de esculturas", onde as mesmas se encontram expostas ao ar livre, gratis e num sitio que convida a uma leitura na relva, ou uma simples estadia conosco proprios e com musica, se necessitarmos de companhia.



No centro, fiquei apaixonada pelo "Cafe Primmo", com uma decoracao muito original e onde os livros predominam. Um optimo lugar para ler um livro, tomar um cha exotico ou para almocar com pratos vegetarianos, depois de visitar o Cerro Santa Lucia.





Bellavista é o bairro mais boemio, que dorme de dia e acorda com toda a sua pujanca. Com mais vida do que o bairro argentino, Palermo. O Pateo Bellavista é daqueles sitios que se repete as vezes que forem necessarias, com uma oferta diversificada e de grande qualidade cultural. Para beber um copo ou para jantar, ao som de musica ao vivo, ou de recital de poemas, ou mesmo numa milonga, apreciando os bailarinos de tango ou juntando-se a eles.





A Andrea apresentou-me este espaco na minha segunda noite chilena e nao mais o larguei.


No sabado, 21 de Abril, eu a Andrea e a pequenita Amanda fomos comemorar o meu terceiro mes de viagem num restaurante Tailandes, tambem super-bem decorado, com uma atmosfera viciante e com pratos de se apaixonar pela imagem e  pelo paladar.






Aqui experimentei o "Pisco Sour", um cocktail muito apreciado no Chile e no Peru e cuja "propriedade" é discutida pelos dois paises. Prefiro a diplomacia de Andrea, a atribui-la aos dois.


Na mesa vizinha, estava um grande grupo composto pelo famoso poeta Mario Lorca e seus amigos. Quando enchia o peito de ar e inspiracao, Lorca levantava-se e brindava-nos com um recital de poemas da sua autoria.


Andrea partilhou-me uma maxima da autoria de Lorca, que curiosamente me acompanha quase desde sempre: "Vive el presente porque nele estara el resto de tu vida".


No domingo, visitei o Museo de la Memoria e Derechos Humanos, que recomendo a todos os que tenham a sorte de passar um dia em Santiago, que nao seja numa segunda-feira. A verdade nua e crua, do tempo da ditadura é-nos exposta sem medos. Ate os pormenores das diversas formas macabras como eram torturados os prisioneiros. Testemunhos de miudos que perderam os pais sao tambem algo que nos deixa sem apetite durante horas.


Mas nem tudo é mau, a arquitectura sublime do edificio contrasta com todo aquele ambiente pesado que se nos apresenta durante toda a mostra. E, no exterior, um comprido muro de betao é "decorado" com os artigos dos direitos humanos.






E, na segunda-feira, 23 de Abril, Dia Mundial do Livro, chegava a Marina do sul do Chile, para em conjunto comecarmos a rumar para o norte do pais, no dia seguinte.





Marina tinha menos de 24 horas para sentir Santiago. Para alem da visita ao Cerro San Cristobal, donde se tem uma magnifica vista a 360 graus sobre a cidade e de outros pontos de interesse, fomos ao Cafe Primmo e jantamos no Pateo Bellavista, no restaurante gourmet "Le Fournil" que ja ganhou alguns premios internacionais.









Foi certamente, das melhores refeicoes que tivera em todos estes meses. Eu e Marina pareciamos oriundas da selva, quando nos apresentavam algum prato. Engracado foi detectar que os nossos vizinhos, um casal Venezuelano tinha o mesmo comportamento de admiracao.

Comecamos por uma sopa de cebola, servido num pao caseiro.





Prato principal: atum fresco, refogado em azeitonas pretas e acompanhado com lasagna de beringela.




Terminamos com profiteroles com gelado e chocolate quente.




E vinho tinto chileno, claro.


Ja passava da meia-noite quando entramos no "Backstage" para beber um cha e deparámo-nos com um "regalo" vindo do Brasil. Apenas pìano e voz! Faziam a festa.




No dia seguinte, seguiriamos para La Serena, a cidade mais proxima do Valle Elqui.

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