Lake District - Viver Patagonia, Parte 4
Lake District e' conhecido como a Suíça da America do Sul. Nao só pelas paisagens, mas também pela comunidade Suíça que por aqui se instalou, trazendo o culto do chocolate, sendo Bariloche a capital desta perdição.
Ao redor de Bariloche existem 32 lagos de origem glaciar. Da para acreditar?
A primeira impressão de quem chega em Bariloche e' mais do que boa. Montes a volta, Lago Nahuel Huapi (terceiro maior lago argentino) a perder de vista, edifícios baixos, harmoniosamente comunicando com a natureza.
Principalmente quando se chega em plena "Fiesta del Chocolate", alusivo a Páscoa. Na noite da minha estreia pude apreciar concertos no centro cívico, cuja arquitectura e atmosfera sao vincadamente alemães. Concertos de rock, mas que soava algo estranho quando cantavam em espanhol, pois esta-se mais habituado a ouvir ritmos dançantes em espanhol, como salsa, merengue, bachata e outros.
E, no domingo de Páscoa, um lindo dia de sol de outono e com 22 graus, abriu-se o maior ovo de chocolate do mundo, evento que rematava o festival que durava há uma semana. E era mais do que comestível, o chocolate era delicioso. Mais delicioso ainda foi todo aquele cenário, "n chocolateiros" sorridentes, impecavelmente vestidos de branco e besuntados de chocolate, tanto foi o trabalho de dividir em porções e distribuir pelo publico ansioso. Tocou-me um bocado que eu pensava que acabaria uma semana depois mas dei um fim nele enquanto passeava ao longo do lago e acabou por ser o meu almoço.
Passar uma boa hora numa prainha a aproveitar o sol com uma blusa de alças e a estudar o próximo destino com o meu guia, enquanto ouvia a Amy Whinehouse no meu iPhone, foi mais agradável do que muitos tours vendidos por ai.
E na mesma tarde daquele domingo de Páscoa que já se mostrava muito rentável, fiz o "circuito chico", que recomendo vivamente que se desfrute de bicicleta, pois a cada curva há uma paisagem espectacular que convida a uma paragem obrigatória. O ponto alto deste circuito e' o Cerro Campanário, cuja vista sobre os lagos de Bariloche e' algo que nao se esquece. Convida a apreciar o por-do-sol na companhia de um bom tinto argentino a dois, ou a três, quatro ou mais. Aqui conheci a brasileira Taninha, cuja empatia mutua foi imediata.
Na manha seguinte, decidi fazer o tour dos sete lagos, com o objectivo de ficar em San Martin de los Andes por uma ou duas noites. O ideal seria alugar um carro com mais três viajantes, mas nem sempre conseguimos conciliar os calendários. Os sete lagos sao indescritíveis, parece que o seguinte e' mais vistoso e imponente do que o anterior. Sao eles, pela ordem que aparecem, no sentido Bariloche - San Martin: Espejo, Correntozo, Escondido (literalmente), Villarino, Falkner, Machonico e Lacar.
Ainda assim, o melhor do dia foi a chegada na pitoresca San Martin de los Andes. Fundada antes de Bariloche, permaneceu aconchegante, autentica.
Almoçar com a mexicana Marisa no restaurante típico Posta Criolla Plaza e saborear um maravilhoso cabrito com uma deliciosa conversa fazem o dia de qualquer um. Depois do almoço, o pessoal da tour voltou para Bariloche e eu fiquei hospedada no simpático hostel Pluma, da cadeia HI. Pela segunda vez, em mais de dois meses de viagem, ficava num quarto camarata (4 pax), sozinha. E com casa-de-banho privativa. Sentia-me como se de um hotel de cinco estrelas se tratasse, mas com preço de hostel (cerca de 11 euros). Uma das coisas mais importantes de uma viagem destas e' que nos contentamos com muito pouco, esquecemo-nos do luxo que a sociedade nos impõe e nos faz cegar.
Ainda dava para aproveitar parte da tarde. Lancei-me a trilha para o miradouro, onde se vê o lago Lacar e San Martin de los Andes, numa vista de perder o fôlego. Sao cerca de 45 minutos sempre a subir a montanha, pelo interior do bosque. Fazia a trilha sozinha e era a única no sentido ascendente, aquela hora. A caminho, encontrei no sentido contrário, um casal radical com o filho de meses as costas do pai, numa daquelas mochilas próprias para os filhos cujos pais nao perdem as asas com a paternidade, antes pelo contrário, partilham e ensinam como ganhar e usar as asas ao elemento mais novo da família.
Chegar ao topo, sentar numa pedra e usufruir daquele cenário na companhia da Ayo ("life is real") e esperar pelo por-do-sol. Daqueles momentos que nos fazem agradecer a vida que temos. Pedir mais? Nao, se pedir um plasma, um audi ou um "T etc" anula esta possibilidade tão simples e tão única.
San Martin de los Andes abraçava-me e assim fui ficando, dia após dia. E' daquelas cidades onde mesmo nao fazendo nada, faz-se muito. Muitas opções de caminhadas, a custo zero e onde se vive o momento sem nada pedir em troca. Uma cidade que respira desporto ao ar livre, muitos ciclistas, caminhantes e malta que corre ao longo do lago Lacar. E com óptimas opções de bares e pubs. Com lojas, cabeleireiros e etc com preços normais. Um óptimo destino para relaxar uns dias e organizarmo-nos, depois de meses na estrada.
Pensei em dar um saltinho a vizinha Patagonia Chilena (Valdivia e Puerto Varas) com o objectivo de descer ate Bariloche pelo Chile, evitando fazer o mesmo caminho. Mas as vezes, as distancias curtíssimas no mapa transformam-se em dias inteiros de viagem, devido a dois factores: as estradas nao sao traçadas em linhas rectas, fazendo a vontade a nossa preferencia (há que tornear a Cordilheira dos Andes) e, por outro lado, as burocracias nas fronteiras chilenas fazem-nos perder horas.
Visitar Valdivia (dedicando 'a minha prima com o mesmo nome) e Puerto Varas (com o objectivo de subir um dos dois vulcões) teria sido um óptimo programa. Mas cheguei a conclusão que iria passar 3 dias em viagem e só iria desfrutar de uma meia-dúzia de horas em cada uma das localidades. Para que, se posso aproveitar San Martin de los Andes em pleno? E' sempre bom deixar alguns sítios por visitar, assim temos desculpas para querer voltar no futuro.
Na quinta-feira, 12 de Abril, regressei a Bariloche, mas desta vez pela ruta 40, cujo trajecto e' incrível. Pena que apanhei o bus as 8:00 e sempre que acordava de um cochilo era surpreendida por uma paisagem avassaladora.
Tinha uma tarde para gozar e nao me apetecia nenhum tour turístico. Decidi-me por uma tarde desportiva, com kaiak no Lago Gutierrez. Isso sim, uma bela maneira de usufruir a natureza. Depois de mais de uma hora a remar, parámos numa pequena ilha e fomos surpreendidos pela hospitalidade argentina: em 2 minutos, montou-se uma mesinha de campismo que foi enfeitada com "n" medialunas frequinhas e, claro, o mate a fazer as honras da casa e a acompanhar uma conversa super interessante e 100% argentina (tive a sorte de apanhar um grupo pequeno, de 6 pessoas e eu era a única nao argentina). Estes momentos para mim sao mais do que especiais, poder viver a realidade do pais com os próprios naturais, assim viajo da forma certa.
E, a noite, o reencontro com a Taninha que ainda se encontrava no hostel. Engraçado, passamos uma tarde juntas e o reencontro foi como se já nos conhecíamos há muito, muito tempo. E' inexplicável, quando conhecemos uma pessoa nova e a adoptamos imediatamente, sem percebermos o porque, deixando fluir naturalmente.
A noite de despedida prometia. Como quem nao quer a coisa, aproveitei para adiar o voo para Buenos Aires, que seria na manha seguinte, para a tarde. Nestas alturas, sabe bem ter um bilhete flexível.
A Taninha entretanto já tinha feito amizade com um grupo muito divertido que tinha chegado ao hostel, durante a minha estadia em San Martin (dois brasileiros, um uruguaio e três uruguaias) e que tinham feito o reconhecimento dos bares de Bariloche nas noites anteriores. Alias, já eram considerados clientes "VIP", a avaliar pela vénia que os porteiros lhes faziam 'a chegada do bar.
E prometeu. Uma das noites mais divertidas da minha viagem. Um pub que a partir de certa hora, explode ao som de um DJ democrático.
Eu e a Taninha chegamos ao hostel pelas 5:00 e ela e o grupo que ainda ficou no pub iriam fazer a subida ao Cerro Tornador, pelas 8:00. Nem imagino como acordaram, eu estava "deliciosamente destruída" e dormi ate 30 minutos antes de fazer o check-out, as 12:00.
A caminho do aeroporto, pensava na grande noite que teria, nessa sexta-feira 13, brindada pela chegada a Buenos Aires, do Veri e do Luis (de Sao Paulo) e o reencontro com as minhas hermanas Vicky e Gaby.
Ao redor de Bariloche existem 32 lagos de origem glaciar. Da para acreditar?
A primeira impressão de quem chega em Bariloche e' mais do que boa. Montes a volta, Lago Nahuel Huapi (terceiro maior lago argentino) a perder de vista, edifícios baixos, harmoniosamente comunicando com a natureza.
Principalmente quando se chega em plena "Fiesta del Chocolate", alusivo a Páscoa. Na noite da minha estreia pude apreciar concertos no centro cívico, cuja arquitectura e atmosfera sao vincadamente alemães. Concertos de rock, mas que soava algo estranho quando cantavam em espanhol, pois esta-se mais habituado a ouvir ritmos dançantes em espanhol, como salsa, merengue, bachata e outros.
E, no domingo de Páscoa, um lindo dia de sol de outono e com 22 graus, abriu-se o maior ovo de chocolate do mundo, evento que rematava o festival que durava há uma semana. E era mais do que comestível, o chocolate era delicioso. Mais delicioso ainda foi todo aquele cenário, "n chocolateiros" sorridentes, impecavelmente vestidos de branco e besuntados de chocolate, tanto foi o trabalho de dividir em porções e distribuir pelo publico ansioso. Tocou-me um bocado que eu pensava que acabaria uma semana depois mas dei um fim nele enquanto passeava ao longo do lago e acabou por ser o meu almoço.
Passar uma boa hora numa prainha a aproveitar o sol com uma blusa de alças e a estudar o próximo destino com o meu guia, enquanto ouvia a Amy Whinehouse no meu iPhone, foi mais agradável do que muitos tours vendidos por ai.
E na mesma tarde daquele domingo de Páscoa que já se mostrava muito rentável, fiz o "circuito chico", que recomendo vivamente que se desfrute de bicicleta, pois a cada curva há uma paisagem espectacular que convida a uma paragem obrigatória. O ponto alto deste circuito e' o Cerro Campanário, cuja vista sobre os lagos de Bariloche e' algo que nao se esquece. Convida a apreciar o por-do-sol na companhia de um bom tinto argentino a dois, ou a três, quatro ou mais. Aqui conheci a brasileira Taninha, cuja empatia mutua foi imediata.
Na manha seguinte, decidi fazer o tour dos sete lagos, com o objectivo de ficar em San Martin de los Andes por uma ou duas noites. O ideal seria alugar um carro com mais três viajantes, mas nem sempre conseguimos conciliar os calendários. Os sete lagos sao indescritíveis, parece que o seguinte e' mais vistoso e imponente do que o anterior. Sao eles, pela ordem que aparecem, no sentido Bariloche - San Martin: Espejo, Correntozo, Escondido (literalmente), Villarino, Falkner, Machonico e Lacar.
Mas o que mais me chamou a atenção, nao foi nenhum deles, mas sim o Rio Ruca Malen, que se encontra entre os dois primeiros lagos.
Ainda assim, o melhor do dia foi a chegada na pitoresca San Martin de los Andes. Fundada antes de Bariloche, permaneceu aconchegante, autentica.
Almoçar com a mexicana Marisa no restaurante típico Posta Criolla Plaza e saborear um maravilhoso cabrito com uma deliciosa conversa fazem o dia de qualquer um. Depois do almoço, o pessoal da tour voltou para Bariloche e eu fiquei hospedada no simpático hostel Pluma, da cadeia HI. Pela segunda vez, em mais de dois meses de viagem, ficava num quarto camarata (4 pax), sozinha. E com casa-de-banho privativa. Sentia-me como se de um hotel de cinco estrelas se tratasse, mas com preço de hostel (cerca de 11 euros). Uma das coisas mais importantes de uma viagem destas e' que nos contentamos com muito pouco, esquecemo-nos do luxo que a sociedade nos impõe e nos faz cegar.
Ainda dava para aproveitar parte da tarde. Lancei-me a trilha para o miradouro, onde se vê o lago Lacar e San Martin de los Andes, numa vista de perder o fôlego. Sao cerca de 45 minutos sempre a subir a montanha, pelo interior do bosque. Fazia a trilha sozinha e era a única no sentido ascendente, aquela hora. A caminho, encontrei no sentido contrário, um casal radical com o filho de meses as costas do pai, numa daquelas mochilas próprias para os filhos cujos pais nao perdem as asas com a paternidade, antes pelo contrário, partilham e ensinam como ganhar e usar as asas ao elemento mais novo da família.
Chegar ao topo, sentar numa pedra e usufruir daquele cenário na companhia da Ayo ("life is real") e esperar pelo por-do-sol. Daqueles momentos que nos fazem agradecer a vida que temos. Pedir mais? Nao, se pedir um plasma, um audi ou um "T etc" anula esta possibilidade tão simples e tão única.
San Martin de los Andes abraçava-me e assim fui ficando, dia após dia. E' daquelas cidades onde mesmo nao fazendo nada, faz-se muito. Muitas opções de caminhadas, a custo zero e onde se vive o momento sem nada pedir em troca. Uma cidade que respira desporto ao ar livre, muitos ciclistas, caminhantes e malta que corre ao longo do lago Lacar. E com óptimas opções de bares e pubs. Com lojas, cabeleireiros e etc com preços normais. Um óptimo destino para relaxar uns dias e organizarmo-nos, depois de meses na estrada.
Pensei em dar um saltinho a vizinha Patagonia Chilena (Valdivia e Puerto Varas) com o objectivo de descer ate Bariloche pelo Chile, evitando fazer o mesmo caminho. Mas as vezes, as distancias curtíssimas no mapa transformam-se em dias inteiros de viagem, devido a dois factores: as estradas nao sao traçadas em linhas rectas, fazendo a vontade a nossa preferencia (há que tornear a Cordilheira dos Andes) e, por outro lado, as burocracias nas fronteiras chilenas fazem-nos perder horas.
Visitar Valdivia (dedicando 'a minha prima com o mesmo nome) e Puerto Varas (com o objectivo de subir um dos dois vulcões) teria sido um óptimo programa. Mas cheguei a conclusão que iria passar 3 dias em viagem e só iria desfrutar de uma meia-dúzia de horas em cada uma das localidades. Para que, se posso aproveitar San Martin de los Andes em pleno? E' sempre bom deixar alguns sítios por visitar, assim temos desculpas para querer voltar no futuro.
Na quinta-feira, 12 de Abril, regressei a Bariloche, mas desta vez pela ruta 40, cujo trajecto e' incrível. Pena que apanhei o bus as 8:00 e sempre que acordava de um cochilo era surpreendida por uma paisagem avassaladora.
Tinha uma tarde para gozar e nao me apetecia nenhum tour turístico. Decidi-me por uma tarde desportiva, com kaiak no Lago Gutierrez. Isso sim, uma bela maneira de usufruir a natureza. Depois de mais de uma hora a remar, parámos numa pequena ilha e fomos surpreendidos pela hospitalidade argentina: em 2 minutos, montou-se uma mesinha de campismo que foi enfeitada com "n" medialunas frequinhas e, claro, o mate a fazer as honras da casa e a acompanhar uma conversa super interessante e 100% argentina (tive a sorte de apanhar um grupo pequeno, de 6 pessoas e eu era a única nao argentina). Estes momentos para mim sao mais do que especiais, poder viver a realidade do pais com os próprios naturais, assim viajo da forma certa.
E, a noite, o reencontro com a Taninha que ainda se encontrava no hostel. Engraçado, passamos uma tarde juntas e o reencontro foi como se já nos conhecíamos há muito, muito tempo. E' inexplicável, quando conhecemos uma pessoa nova e a adoptamos imediatamente, sem percebermos o porque, deixando fluir naturalmente.
A noite de despedida prometia. Como quem nao quer a coisa, aproveitei para adiar o voo para Buenos Aires, que seria na manha seguinte, para a tarde. Nestas alturas, sabe bem ter um bilhete flexível.
A Taninha entretanto já tinha feito amizade com um grupo muito divertido que tinha chegado ao hostel, durante a minha estadia em San Martin (dois brasileiros, um uruguaio e três uruguaias) e que tinham feito o reconhecimento dos bares de Bariloche nas noites anteriores. Alias, já eram considerados clientes "VIP", a avaliar pela vénia que os porteiros lhes faziam 'a chegada do bar.
E prometeu. Uma das noites mais divertidas da minha viagem. Um pub que a partir de certa hora, explode ao som de um DJ democrático.
Eu e a Taninha chegamos ao hostel pelas 5:00 e ela e o grupo que ainda ficou no pub iriam fazer a subida ao Cerro Tornador, pelas 8:00. Nem imagino como acordaram, eu estava "deliciosamente destruída" e dormi ate 30 minutos antes de fazer o check-out, as 12:00.
A caminho do aeroporto, pensava na grande noite que teria, nessa sexta-feira 13, brindada pela chegada a Buenos Aires, do Veri e do Luis (de Sao Paulo) e o reencontro com as minhas hermanas Vicky e Gaby.
Comentários
Enviar um comentário