O deserto mitico de San Pedro de Atacama - Chile
Calama parecia uma cidade fantasma e horrivel. Apenas ficamos o tempo estritamente necessario para apanhar o bus com destino a San Pedro de Atacama.
Duas horas a somar 'as tantas que ja tinhamos de rodagem, mas o trajeco era mais do que mitico, chegavamos ao deserto!
Uma vez chegadas a San Pedro de Atacama, foi amor à primeira vista. a meia-duzia de ruas, de cor castanha, desde o solo ate as fachadas das casas de um piso, eram suficientes para tornar a nossa estadia maravilhosa.
Como qualquer cidade ou pequena povoacao na America do Sul, existe uma praça central (com acesso a wi-fi), a poucos passos da pequena, mas nao desprezavel Igreja de San Pedro de Atacama.
As ruas, apesar de terem "n" lojas e agencias de turismo (porta sim, porta sim), nao têm aquela carga pesada de "chatearem o turista a todo o momento". Sentimo-nos livres de entrar se quisermos.
Aqui em San Pedro comecamos a ter contacto com as cores "quechua", às quais eu e Marina ficamos rendidas desde o primeiro momento.
A qualquer ponto de San Pedro, estamos sempre vigiados pelo imponente vulcao Licancabur.
Passamos de 400m acima do nivel do mar (La Serena), para 2800m. Nessa primeira tarde, a cabeca reclamava de tonturas...
Na primeira noite ficamos no "Hostal Eden" que, apesar de exibir boas instalacoes, nao era compativel com a pouca simpatia do staff e dos responsaveis. E, como nao se trata de dormir de graça, exercemos o direito de clientes e mudamo-nos na manha seguinte.
E que grande mudança! Esta determinaria a nossa estadia em San Pedro, que inicialmente estava prevista para cerca de dois ou tres dias.
Na mesma rua, encontramos o restaurante e Hostal "Ayllu" (que significa familia).
Nao posso afirmar que o Hostal prime pelo conforto, mas a simpatia, disponibilidade e boa disposicao de todo o staff e do dono (Sr. Pedro) sao mais valiosos do que mais-ou-menos conforto.
Por outro lado, o restaurante é dos mais conhecidos na praça, devido a tecnica sustentavel de cozinharem tudo com energia solar. Têm paineis e fornos solares, onde conseguem confeccionar de tudo, desde um simples e apetitoso "huevo frito, pan al horno, empanadas, papas, lasanha, arroz, pastel de choclo, fideos, pescado, carne, lentejas, sopas de verduras (...)".
Aqui na "familia" Ayllu conseguimos um lugar de destaque, como "membros honorarios". Sentimo-nos mesmo em casa. Desde o staff constituido pela cozinheira Marina (e a doce filhota Marininha, a nossa companheira das manhas), a Gloria e a Belen, todas bolivianas, ate aos responsaveis, o Sr. Pedro, o filho e a super-bem-disposta nora brasileira, Flavia.
Curiosidade: a pequena Marininha foi assim denominada pelo Sr. Pedro devido a mae Marina, pois ela tem um nome tradicional muito dificil de lembrar.
Tanto nos sentiamos em casa, que prorrogamos a nossa estadia por tempo indeterminado. Iamos ficando, ao sabor da vontade, a unica que mandava...
As noites em Ayllu foram muito divertidas. A fogueira era sagrada e o pisco puro para alguns e o pisco sour para os mais renitentes.
E sem me dar conta, tornei-me uma especie de DJ oficial das noites de Ayllu, oferecendo musica ambiente variadissima (desde Ayo, passando por Mayra Andrade, Manu Chao, Amy Whinehouse, Bossa Nova, mornas da terra, U2, Cold Play, etc) enquanto os clientes jantavam e, mal me apercebia que ja se encontravam na fase de conclusao da sobremesa, lancava sem medo, funanas, kizombas, salsas, musica pimba portuguesa e tudo o que convidava a encher a pista de clientes alegres e de bem com a vida.
A Marina era a camera-woman em serviço!
E o Pisco Sour, esse nao faltava!
Eram noites onde eu e Marina ficavamos "cagadas de la risa", como dizia o Sr. Pedro. E que belas "carcahadas"!!!
Chegavamos a passar um dia inteiro no relax, a actualizar o blog ou simplesmente a desfrutar do momento. De vez em quando, o Sr. Pedro levava-nos a conhecer alguns lugares, normalmente nao acessiveis a turistas.
Na primeira noite, o tio Pedro levou-nos a um sitio afastado das luzes da povoaçao, para observarmos as estrelas. Eu e a Marina pareciamos umas citadinas que nunca tinham visto nada igual.
Isso deve-se ao facto de termos insistido três noites em Valle Elqui sem sucesso e agora, do nada, tinhamos o ceu mais estrelado do que nunca. No deserto de San Pedro de Atacama! Um grande momento a recordar...
Aqui em Ayllu conhecemos o simpatico Wellington, brasileiro de Sampa, que se encontra a explorar o Chile, depois de uma maravilhosa experiencia de meses na Nova Zelandia. Tambem alinhava na festa. Mais um amigo, sem duvida!
Num dos dias, resolvi tirar a preguiça de lado e aproveitei um tour ate a Laguna Cejar, com um grupo muito jovem e divertido, de chilenos e europeus que se encontram a estudar em La Serena.
Outro dia, eu e a Marina fomos conhecer o Valle de la Luna, o ponto turistico principal de San Pedro de Atacama.
No final do dia, apreciamos um por-do-sol fantastico, regado com Pisco Sour e ai permanecemos a espera das estrelas.
Mais alguns dias de relax e decidimos ir aos Geysers Tatio, outro dos pontos principais de San Pedro de Atacama. Saimos as 4:00, cheias de sono, depois de mais uma noite divertida em Ayllu.
Chegamos aos Geysers por volta das 6:00, antes do nascer do sol, pois desta forma podemos ve-los em grande accao.
Sao num total de 80 geysers e estao a 4300 m de altitude.
Apanhamos cerca de 5 graus negativos, mas essa nao foi desculpa para deter os valentes que saltaram para as termas (37 graus) de calcoes e bikini.
O caminho de regresso a San Pedro é muito interessante e com paisagens variadas.
Quanto a fauna, vimos llamas e vicunas, da familia de camelos. Os primeiros sao domesticados, enquanto que os segundos sao selvagens.
Houve tempo para apreciar um senhor cacto, de cerca de 4 metros de altura.
E como nao podiamos ficar em San Pedro de Atacama ate ao final da nossa aventura na America Latina, certo dia programamo-nos com um tour de tres dias para a Bolivia.
Despediamo-nos do Chie, com uma lagrima no canto do olho...
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