Bali, uma viagem interior (Outubro/Novembro 2012)
Depois de meses intensos de absorção de tudo e mais alguma coisa, chegava a vez de um retiro espiritual, precisava pôr a cabeça em (des)ordem e, para tal, era imperativo manter-me mais do que 3-4 dias no mesmo sítio.
Escolhi PANTAI MAS, em Lovina (norte de Bali), por indicação da minha prima Zenne que lá havia passado um mês.
www.paintai-mas.com
Pantai Mas é um centro espiritual, onde tudo pode acontecer. Uma coisa é certa: de todas as pessoas que por lá passaram na mesma altura que eu, nenhuma voltou para casa igual. Até o mais resistente acaba por tirar a sua máscara e/ou escudo e lança-se à "aventura" espiritual.
O casal Evert (Holandês, que virou indonesio ha mais de 30 anos) e Dayu (Balinesa), e os filhos Dimas e Zahira, fazem as honras da casa.
O ambiente em Pantai Mas é familiar. As refeições, com mil e um pratos diferentes, deliciosos e na sua maioria vegetarianos, são feitas em família, numa mesa corrida ao ar livre, ao som do mar e dos vários espanta-espiritos (que dão um som super relaxante, 24 horas por dia).
Pantai Mas oferecia um programa de yoga, desenhado e ministrado pelo Roberto (holandês, de origem Suriname), que dedicou dois meses a esse projecto em Bali.
A nossa rotina de yoga consistia em três sessões diárias, ao nascer-do-sol, meio da manhã e ao pôr-do-sol.
Aqui conheci a Yoga Nidra (descanso do corpo como no sono, mas com o espírito absolutamente consciente) e fiquei fã incondicional. Este método, que parece simples, pode melhorar e muito a qualidade de vida. Praticávamos ao meio da manhã e a minha assiduidade era a 100%, mesmo nos dias mais "difíceis". Os resultados pós-sessão são incríveis.
A meditação era uma constante. Praticámos várias formas desta arte. Mas não só nas sessões de yoga. Proporcionaram-nos visitas a templos, onde a meditação tinha um peso ainda mais intenso.
Entre sessões de yoga e refeições, estávamos à vontade para pedir um sumo de fruta natural, com um leque de opções.
Todo o staff fazia parte da nossa família. Ofereciam-nos sempre um sorriso rasgado, para além do serviço profissional.
Houve dias em que necessitei de me mimar e deixaram-me tomar conta da cozinha e preparar o meu próprio pequeno almoço. Daqueles dias em que te encontras um pouco no ar e precisas satisfazer-te a ti próprio.
Entre sessões de yoga e conversas intensas, havia tempo para relaxar, banhos de sol, fazer snorkeling, ver golfinhos ou até mesmo mergulho.
Aproveitei para obter a certificação de mergulhadora "Advanced" da PADI. Sem sombras de dúvidas, o mergulho é das minhas formas de meditação preferidas.
Um dos mil e um episódios especiais que guardei foi uma terapia que a Dayu me proporcionou, um banho com uma água morna cheia de pétalas de flores coloridas e cheirosas. À noite, com o mar e a lua à minha espreita. Tive que me vestir a rigor: envolveram-me um lençol branco que se revelou mais sexy do que qualquer vestido de gala da alta costura. De repente, arrisco-me a dizer que fui baptizada, pois a Dayu ia me deitando a água com pétalas da cabeça aos pés, enquanto cantava as orações com a sua voz suave.
Outro foi a cerimónia da Lua Cheia, no dia 29 de Outubro. A preparação deste grande dia foi iniciada com mais de uma semana de antecedência, com a escolha / compra dos tecidos para a confecção do traje tradicional.
Eu, como tenho um gosto muito particular, fugi das cores que normalmente usam e fiz a combinação verde limão e roxo. Resultou muito bem.
Foi um dia intenso que começou cedo e terminou tarde. Uma série de cerimónias, uma experiência riquíssima.
O tema mais importante que retive no meu retiro em Bali: Segue o teu coração!
1) Fazer o que gosto, não importando se para isso irei magoar pessoas ou se perante a sociedade possa parecer ridículo
2) Não fazer nada para agradar as pessoas, contra a minha vontade
3) Não agir nunca tipo "politicamente correcto".
Foi assim que consegui desbloquear-me em 2-3 semanas e diminuí de volume radicalmente (expulsei toda a "porcaria" que guardava debaixo da minha pele, sempre que contrariava o meu coração). É curioso, pois quando és confrontado com isto, a tua primeira reacção é de rejeição, uma vez que se tem a ilusão de que somos livres. Mas isso é o que desejamos. Reflectindo, chega-se à conclusão das tantas vezes que nos enganamos a nós próprios. A tomada de consciência é o passo mais difícil e importante.
Em Bali, tive aquilo a que eu chamo "metamorfose". Passei por uma transformação brutal. É incrível como consegues sentir as manifestações no teu corpo, fortes emoções, sonhos intensos, etc. Passei cerca de uma semana muito voltada para mim própria, estava longe de ser aquela pessoa social que sempre conheci, ainda que estivesse rodeada de pessoas muito especiais.
Fiz uma viagem profunda pelo meu interior, como nunca tinha feito e permitiu-me arrumar a casa, deitar fora o lixo que havia guardado...
Eu que nunca tive problemas de sono, passei três noites seguidas sem pregar olho. Em luta intensa comigo própria. Em duas dessas noites, devorei o livro "O Monge e o Executivo", simples e cativante, ajudou-me a encontrar respostas ao meu auto-questionamento.
Ansiava subir o obstáculo mas não encontrava o primeiro degrau.
Balanço do retiro, passadas três semanas: sou uma pessoa diferente, mais rica, conheço-me melhor e aprendi a adorar fazer-me companhia num nível mais profundo, passei a dar mais importância à minha pessoa, aprendi a ouvir o meu coração, estou mais atenta a coisas simples e extraordinárias, a minha sensibilidade está mais apurada, aprendi a afastar o que me faz mal, aprendi a dizer NÃO.
Foi muito difícil deixar o Pantai Mas. Mas já estava na hora de caminhar pelos meus próprios pés e testar o resultado do retiro, longe do porto seguro.
Afinal, teria que dar continuidade a este trabalho fabuloso.
Manila, 5 de Novembro 2012
Escolhi PANTAI MAS, em Lovina (norte de Bali), por indicação da minha prima Zenne que lá havia passado um mês.
www.paintai-mas.com
Pantai Mas é um centro espiritual, onde tudo pode acontecer. Uma coisa é certa: de todas as pessoas que por lá passaram na mesma altura que eu, nenhuma voltou para casa igual. Até o mais resistente acaba por tirar a sua máscara e/ou escudo e lança-se à "aventura" espiritual.
O casal Evert (Holandês, que virou indonesio ha mais de 30 anos) e Dayu (Balinesa), e os filhos Dimas e Zahira, fazem as honras da casa.
O ambiente em Pantai Mas é familiar. As refeições, com mil e um pratos diferentes, deliciosos e na sua maioria vegetarianos, são feitas em família, numa mesa corrida ao ar livre, ao som do mar e dos vários espanta-espiritos (que dão um som super relaxante, 24 horas por dia).
Pantai Mas oferecia um programa de yoga, desenhado e ministrado pelo Roberto (holandês, de origem Suriname), que dedicou dois meses a esse projecto em Bali.
A nossa rotina de yoga consistia em três sessões diárias, ao nascer-do-sol, meio da manhã e ao pôr-do-sol.
Aqui conheci a Yoga Nidra (descanso do corpo como no sono, mas com o espírito absolutamente consciente) e fiquei fã incondicional. Este método, que parece simples, pode melhorar e muito a qualidade de vida. Praticávamos ao meio da manhã e a minha assiduidade era a 100%, mesmo nos dias mais "difíceis". Os resultados pós-sessão são incríveis.
A meditação era uma constante. Praticámos várias formas desta arte. Mas não só nas sessões de yoga. Proporcionaram-nos visitas a templos, onde a meditação tinha um peso ainda mais intenso.
Entre sessões de yoga e refeições, estávamos à vontade para pedir um sumo de fruta natural, com um leque de opções.
Todo o staff fazia parte da nossa família. Ofereciam-nos sempre um sorriso rasgado, para além do serviço profissional.
Houve dias em que necessitei de me mimar e deixaram-me tomar conta da cozinha e preparar o meu próprio pequeno almoço. Daqueles dias em que te encontras um pouco no ar e precisas satisfazer-te a ti próprio.
Entre sessões de yoga e conversas intensas, havia tempo para relaxar, banhos de sol, fazer snorkeling, ver golfinhos ou até mesmo mergulho.
Foto de Jeanette Koenen |
Foto de Jeanette Koenen |
Aproveitei para obter a certificação de mergulhadora "Advanced" da PADI. Sem sombras de dúvidas, o mergulho é das minhas formas de meditação preferidas.
Um dos mil e um episódios especiais que guardei foi uma terapia que a Dayu me proporcionou, um banho com uma água morna cheia de pétalas de flores coloridas e cheirosas. À noite, com o mar e a lua à minha espreita. Tive que me vestir a rigor: envolveram-me um lençol branco que se revelou mais sexy do que qualquer vestido de gala da alta costura. De repente, arrisco-me a dizer que fui baptizada, pois a Dayu ia me deitando a água com pétalas da cabeça aos pés, enquanto cantava as orações com a sua voz suave.
Outro foi a cerimónia da Lua Cheia, no dia 29 de Outubro. A preparação deste grande dia foi iniciada com mais de uma semana de antecedência, com a escolha / compra dos tecidos para a confecção do traje tradicional.
Eu, como tenho um gosto muito particular, fugi das cores que normalmente usam e fiz a combinação verde limão e roxo. Resultou muito bem.
Foto de Dimas Halbesma |
Foi um dia intenso que começou cedo e terminou tarde. Uma série de cerimónias, uma experiência riquíssima.
Foto de Dimas Halbesma |
Foto de Dimas Halbesma |
O tema mais importante que retive no meu retiro em Bali: Segue o teu coração!
1) Fazer o que gosto, não importando se para isso irei magoar pessoas ou se perante a sociedade possa parecer ridículo
2) Não fazer nada para agradar as pessoas, contra a minha vontade
3) Não agir nunca tipo "politicamente correcto".
Sobre isto, tenho ainda um ponto de vista interessante, o que "nós" ocidentais chamamos de egoísmo, no Oriente é encarado como amor-próprio. Se não gostarmos de nós em primeiro lugar, quem raio far-nos-á esse favor?
Foi assim que consegui desbloquear-me em 2-3 semanas e diminuí de volume radicalmente (expulsei toda a "porcaria" que guardava debaixo da minha pele, sempre que contrariava o meu coração). É curioso, pois quando és confrontado com isto, a tua primeira reacção é de rejeição, uma vez que se tem a ilusão de que somos livres. Mas isso é o que desejamos. Reflectindo, chega-se à conclusão das tantas vezes que nos enganamos a nós próprios. A tomada de consciência é o passo mais difícil e importante.
Foto de Dimas Halbesma |
Em Bali, tive aquilo a que eu chamo "metamorfose". Passei por uma transformação brutal. É incrível como consegues sentir as manifestações no teu corpo, fortes emoções, sonhos intensos, etc. Passei cerca de uma semana muito voltada para mim própria, estava longe de ser aquela pessoa social que sempre conheci, ainda que estivesse rodeada de pessoas muito especiais.
Fiz uma viagem profunda pelo meu interior, como nunca tinha feito e permitiu-me arrumar a casa, deitar fora o lixo que havia guardado...
Eu que nunca tive problemas de sono, passei três noites seguidas sem pregar olho. Em luta intensa comigo própria. Em duas dessas noites, devorei o livro "O Monge e o Executivo", simples e cativante, ajudou-me a encontrar respostas ao meu auto-questionamento.
Ansiava subir o obstáculo mas não encontrava o primeiro degrau.
Uma vez passada a metamorfose, transformei-me na pessoa mais confiante deste Globo. Uma paz deliciosa apoderou-se de mim. Voltei às minhas gargalhadas, ao meu gosto por conviver, partilhar experiências com as pessoas, enfim, Viver. Ganhei uma liberdade imensa, aliada a um amor-próprio sublime. E o sentido lato, grandioso do Amor.
Balanço do retiro, passadas três semanas: sou uma pessoa diferente, mais rica, conheço-me melhor e aprendi a adorar fazer-me companhia num nível mais profundo, passei a dar mais importância à minha pessoa, aprendi a ouvir o meu coração, estou mais atenta a coisas simples e extraordinárias, a minha sensibilidade está mais apurada, aprendi a afastar o que me faz mal, aprendi a dizer NÃO.
Foi muito difícil deixar o Pantai Mas. Mas já estava na hora de caminhar pelos meus próprios pés e testar o resultado do retiro, longe do porto seguro.
Afinal, teria que dar continuidade a este trabalho fabuloso.
Manila, 5 de Novembro 2012
A minha experiência em Bali não chegou nem de perto, nem de longe a tua...mas sem duvidas foi um turning point pelo menos na intensidade com que acreditei que as mudanças vêm de nós para o mundo...
ResponderEliminarVoltarei a Bali desta feita, para uma exriencia menos turistica e mais interior...gravei o Pantai Mas...quem sabe não vá lá parar tb.
beijos e queijos sol
Luda, gostei muito do teu texto. Seria possível enviar-te uma msg privada para te pedir algumas informações sobre esta viagem? Obrigada
ResponderEliminarOla Mariana!
EliminarPeço desculpas por só agora responder, mas estive afastada dos meios.
Se ainda for a tempo: nadialudmilla@yahoo.com.br
Obrigada pelo comentário!
Olá Luda, gostei muito do seu texto. Seria possível eu entrar em contacto via msg para obter algumas informações sobre o retiro? Muito obrigada
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